segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Cruzado sou - poema de António Sardinha

Cruzado sou


Cruzado sou. Envergo uma couraça,

Jurei meus votos num missal aberto.

– eu me persigno em nome do Encoberto.



Alto, bem alto, quando a lua passa,

a lua me dirá se o avisto perto.

Eu me persigno – ou seja noite baça,

ou rompa o dia, com o sol desperto.



Meu S. Cristóvão, de menino ao ombro,

ó Portugal, – eu me comovo e assombro –

nas tuas mãos ergueste o mundo inteiro.



Entrei por ti na religião da Esperança,

Pois na alvorada que de além avança,

vem tu vestir-me o arnez de cavaleiro!



António Sardinha, in Pequena Casa Lusitana

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